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sinopse
O POLH na Europa – Português como Língua de Herança (volume 2 – Suíça) reúne os artigos apresentados no III Simpósio Europeu sobre o Ensino de Português como Língua de Herança (SEPOLH), realizado na Suíça, em 2017.
São artigos de diversos pesquisadores sobre o Português como Língua de Herança (POLH), apresentando os mais recentes trabalhos teóricos e as experiências pedagógicas desenvolvidos nessa área de estudos.
A obra aborda questões práticas de ensino, metodologias, estudos de caso e ressalta a importância do fomento de políticas públicas de apoio e manutenção do ensino de POLH.
As discussões e os exemplos compartilhados nestes capítulos contribuem para reflexões e ações que podem fortalecer os laços identitários e culturais de crianças de famílias imigrantes por meio de socialização em suas línguas de herança em diversos contextos.
O livro é dividido em duas seções: a Seção I – Reflexões sobre o Ensino de POLH, traz artigos com conceitos teóricos sobre língua de herança e o ensino e aprendizado na Europa. A Seção II – Considerações Práticas para o Ensino de POLH, traz experiências pedagógicas e práticas adotadas pelos diversos países europeus no ensino da língua portuguesa como língua de herança.
O aprendizado do português como língua de herança envolve não só a comunicação com os familiares que ficaram no país de origem, mas também questões de identidade, laços culturais e o sentimento de pertença a uma comunidade.
O SEPOLH acontece a cada dois anos em uma cidade da comunidade europeia. Para saber mais, clique aqui.
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
SEÇÃO I – REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE POLH
Capítulo 1 – Português língua de herança na perspectiva acadêmica brasileira (Maria Luísa Ortiz Alvarez)
Capítulo 2 – Refletindo sobre currículo: o POLH hoje e amanhã
(Ana Souza e Miriam Müller Vizentini)
Capítulo 3 – “Nasci na Suíça, mas sou do Porto”. Ensino de língua
de herança e a construção de identidades plurais (Maria de Lurdes Santos Gonçalves)
Capítulo 4 – Promoção do português como língua de herança – proposta de intervenção a distância (Carlota Sacoto, Isabela Gomes-Perrucci e Rita de Albuquerque Dorneles)
SEÇÃO II – CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS PARA O ENSINO DE POLH
Capítulo 5 – A troca de cartas como estímulo à produção escrita
no ensino de POLH (Camila Lira)
Capítulo 6 – Português como língua de herança: um fascinante
desafio em Zurique (Claudina Fialho de Carvalho Isele)
Capítulo 7 – Português como língua de herança em contexto italófono: material didático para jovens aprendizes (Daniela Mascarenhas Benedini)
Capítulo 8 – Estratégias didáticas para o fomento da competência comunicativa intercultural em contexto de língua de herança (Juliana Azevedo-Gomes)
Capítulo 9 – Os efeitos do ensino não formal de português língua de herança sob a ótica das educadoras: um estudo de caso (Juliane Pereira da Costa Wätzold)
Capítulo 10 – Gênero de textos orais no ensino de POLH: uma abordagem didática (Carla Silva-Hardmeyer)
Capítulo 11 – BRmais, a identidade brasileira e o português como língua de herança no ensino globalizado (Fernanda Krüger)
SOBRE AS ORGANIZADORAS
COMITÊ CIENTÍFICO
BIOGRAFIA DAS AUTORAS
Prefácio
Vejo com muita satisfação o aumento do número de pesquisas sobre o Português como Língua de Herança. Quando emigrei para a Europa, em anos anteriores às facilidades da internet, saciava minha sede de cultura brasileira através da música, em particular de Chico Buarque, mas também de Caetano, Gil e outros grandes artistas. A sensação de ouvir a poesia cantada desses compositores me inebriava e recarregava. Em terra estrangeira, sentia-me um privilegiado por compreender à perfeição as letras das canções e seus sentidos tão enraizados nas idiossincrasias brasileiras. Por causa de artistas como eles eu me orgulhava de ter o português como primeira língua. Assim, o ensino de Línguas de Herança, para além da língua em si, é enobrecedor porque abarca também a cultura de origem das famílias. Individualmente, é uma questão identitária; coletivamente, estimula o Zusammengehörigkeitsgefühl, uma espécie de sentimento espiritual de pertencimento a uma comunidade, que extrapola a trivial posse de um passaporte concedido pelo jus sanguinis.
Para uma criança, aprender a língua e vivenciar a cultura de origem de seus pais ou avós é muito mais do que valer-se dos benefícios cognitivos do bilinguismo. O entendimento da cultura de herança, e evidentemente da sua parte mais significativa, a língua, potencializa recursos para a compreensão da diversidade linguístico-cultural do mundo em que vivemos, o que enseja percepção e tomada de consciência de que nosso planeta é vário e variegado, e que respeito ao próximo e empatia são palavras-chave para uma convivência harmoniosa.
Este segundo volume da série O POLH na Europa, resultado do III Simpósio Europeu de Português como Língua de Herança (III-SEPOLH), reúne diversas pesquisadoras brasileiras e portuguesas que atuam no velho continente e alberga distintas perspectivas de estudo que se entrelaçam e se complementam, desvelando modelos teóricos aplicados e experiências práticas. O livro aborda diversas questões de práticas de ensino, metodologias, estudos de caso e ressalta a importância do fomento de políticas públicas de apoio e manutenção do ensino de POLH, matéria que, penso eu, deveria ser de interesse de Estado; políticas que tenham como objetivo o encorajamento à preservação do vínculo das famílias emigradas com suas origens através do favorecimento da produção e distribuição de material didático de apoio às escolas já formalmente estabelecidas e es11
tímulo à formação de pessoal para sustentação técnica nas diversas iniciativas tomadas por cidadãs e cidadãos não especialistas na área. Afinal, resultados de pesquisas devem se prestar a facilitar a vida das pessoas e é muito importante que as práticas pedagógicas utilizadas no ensino de POLH sejam fundamentadas em estudos científicos específicos. Os onze capítulos desta coletânea são certamente uma enorme contribuição aos estudos da área de ensino de língua portuguesa como Língua de Herança, independentemente da sigla que se queira usar.
As práticas pedagógicas e os modelos teóricos reunidos neste livro serão fontes de novas práticas e novas pesquisas, que gerarão novas práticas e assim sucessivamente, como deve funcionar a ciência.
O conteúdo deste livro, embora voltado ao contexto luso-brasileiro, não é fechado em si. Oferece amplas oportunidades de enriquecimento a todos os/as pesquisadores/pesquisadoras e educadores/educadoras que se interessam pelo tema Heritage Language, seja qual for a língua.
Mario L. M. Gaio
(Pesquisador de Pós-Doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), vinculado à Universidade Federal Fluminense (UFF), Brasil. É doutor em Estudos de Linguagem pela UFF e PhD pela Kulturwissenschaftliche Fakultät da Europa-Universität Viadrina, Alemanha. Atua na área da Ecolinguística e do Contato Linguístico, especificamente os contatos de línguas de imigração no Brasil.)
A série O POLH na Europa – Português como Língua de Herança foi idealizada por Ana Souza e Camila Lira durante o II Simpósio Europeu sobre o Ensino de Português como Língua de Herança (II-SEPOLH). Este evento foi realizado em Munique, Alemanha, em 2015, e registrou um grande aumento no número de participantes e de países sendo representados em relação à sua primeira edição. Atestou-se, assim, a intensa busca por troca de conhecimento e experiência de educadores e acadêmicos. Registrar os avanços na área pareceu ser um desenvolvimento natural do movimento de base que levou à criação do evento SEPOLH. Assim, o primeiro volume da série foi lançado dois anos depois, em 2017, no III-SEPOLH, realizado em Genebra, Suíça.
O Volume I foi dividido em duas seções: Reflexões sobre o ensino de POLH e Projetos de incentivo ao ensino de POLH.
O Volume 2, o qual temos a honra de apresentar-lhes agora, também tem duas seções.
A seção Reflexões sobre o ensino de POLH foi mantida. Porém, inovamos com a seção Considerações práticas para o ensino de POLH. Desta maneira, conhecimento teórico e experiências pedagógicas podem ser apresentadas com um olhar específico para o contexto europeu.
Entretanto, continuamos a considerar importante ter um espaço para que os projetos que atuam na promoção e disseminação do POLH divulguem o trabalho que fazem e reflitam sobre suas conquistas e desafios. Por isso, Fernanda Krüger apresenta-nos a BRmais no Capítulo 11, na segunda seção do livro. Este projeto é dirigido a diferentes contextos socioculturais e variadas faixas etárias e tem como objetivo ressaltar aspectos identitários brasileiros e multiculturais de maneira positiva para indivíduos e famílias em contexto de migração.
Este segundo volume apresenta outros dez artigos, sendo quatro na primeira seção e sete na segunda. Os artigos representam trabalhos acadêmicos e pedagógicos realizados em seis países europeus: Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália e Suíça. Não podemos, entretanto, deixar de citar o trabalho de Debora Pio, representante do Ensino de Português como Língua de Herança. Pela primeira vez um representante da Grécia esteve presente no evento, compartilhando sua experiência em um contexto onde as especificidades linguísticas são diferentes das que já conhecíamos.
A diversidade de países participantes e projetos apresentados no III-SEPOLH proporcionou uma expansão ainda maior da compreensão deste movimento no continente europeu e Oriente Médio.
Apresentamos aqui os dados compartilhados por Debora em sua apresentação. Embora a Língua Portuguesa não tenha o mesmo apoio institucional na Grécia como o Italiano e o Espanhol, por exemplo, “a oferta dos cursos de Português como Língua Estrangeira manteve-se viva através de pequenas iniciativas de alguns institutos privados de idiomas”. Esta situação modificou-se aos poucos, graças ao Instituto Abanico, que se preocupou em oferecer tanto o Português Europeu quanto o Brasileiro, promovendo mostras de filmes brasileiros e portugueses.
Ainda segundo Debora, o “grupo de imigrantes mais antigo é formado por senhoras, casadas com gregos, o que nos traz uma pedra no caminho – em a sogra sendo grega, dificilmente será permitido que a mãe, brasileira, repasse sua língua e seus costumes às crianças”. Para atender a este grupo de imigrantes iniciou-se o projeto de ensino de POLH em Atenas com apoio do primeiro grupo do Conselho de Cidadania, em 2011. O primeiro grupo de crianças formou-se em 2014, com nove inscritos. Paralelamente, há um grupo do próprio Conselho de Cidadania que realiza, uma vez por mês, uma Oficina Infantil, geralmente num sábado, com temática previamente definida. Ali se fala de nossos costumes, usa-se ludicamente o Português, fala-se de nossa História, lendas, músicas infantis.
Enquanto Debora Pio relata que um de seus desafios é “atrair as famílias com filhos pequenos, uma vez que na Grécia os professores da escola primária ainda incentivam e recomendam aos pais falarem somente grego com seus filhos”, os capítulos que formam essa coletânea reforçam a importância de línguas de herança com um foco especial nos avanços e desafios do POLH.
Assim, a Seção I, Reflexões sobre o ensino de POLH, é iniciada com um artigo intitulado Português Língua de Herança na perspectiva acadêmica brasileira. Maria Luisa Ortiz Alvarez ilustra como algumas das ações concretizadas refletem o crescimento do POLH nas diásporas e os esforços dos seus executores para a manutenção da língua-cultura de origem. Desta maneira, este capítulo inicia com uma discussão teórica sobre línguas de herança em geral, seguida por uma discussão mais específica sobre os logros e desafios do POLH. Em um terceiro momento, a autora explica a metodologia usada para o mapeamento das ações representadas neste artigo em prol da manutenção do português, assim como da formação de professores de POLH. O mapeamento é, então, apresentado. Maria Luisa conclui clamando por políticas públicas e linguísticas que apoiem mais efetivamente a área de POLH.
O segundo capítulo, Refletindo sobre currículo: O POLH hoje e amanhã, escrito por Ana Souza e Miriam Vizentini, foi originalmente publicado no livro Português como Língua de Herança – uma disciplina que se estabelece, pela Pontes Editores, em junho de 2020 e é aqui reproduzido com autorização da editora. Esse artigo demonstra a necessidade de desenvolvimento de um currículo POLH e a possibilidade de elaboração de um currículo comum para esse ensino em diversos países. Com o intuito de melhor entender as práticas curriculares das diversas organizações brasileiras que atuam no exterior, Ana e Miriam elaboraram um estudo que envolveu um questionário on-line enviado a várias organizações atuantes na Europa. Neste capítulo, as autoras relatam as informações compartilhadas por trinta e uma instituições em relação a nove questões: (1) objetivos que a instituição pretende atingir, (2) temas propostos durante estas atividades, (3) atividades oferecidas para o desenvolvimento linguístico dos alunos, (4) o papel do professor no ensino de POLH, (5) recursos usados para o ensino, (6) local onde as habilidades linguísticas são desenvolvidas e usadas, (7) como os alunos são agrupados para as atividades de sala de aula, (8) como o desenvolvimento dos alunos é avaliado, e (9) como as atividades são registradas. Estas questões foram desenvolvidas com base no conceito de teia curricular desenvolvida por Akker et al. (2008). Com esse estudo, refletem sobre o contexto atual do ensino de POLH e consideram como essa vertente pode se desenvolver de maneira sistemática para assegurar que práticas de ensino reflitam verdadeiramente os princípios que norteiam o futuro das instituições atuantes.
A seguir, Maria de Lurdes Santos Gonçalves, no terceiro capítulo, Nasci na Suíça, mas sou do Porto – Ensino de Língua de Herança e a construção de identidades plurais, adiciona uma perspectiva portuguesa e ressalta a importância que o background migratório pode ter no percurso educativo de crianças e jovens. Lurdes defende que é necessário compreender o papel do ensino de língua de herança para ajudar os alunos a integrar, compreender e transformar de forma positiva e pró-ativa suas experiências de migração. Lurdes argumenta que a aprendizagem da língua de herança ultrapassa o conhecimento linguístico e cultural. Trata-se, também, de uma questão de construção da identidade, com vista à integração bem-sucedida no país de acolhimento, em particular, e no mundo, em geral. Assim, este capítulo aborda (1) as finalidades do ensino de língua de herança, (2) a sua operacionalização e (3) os espaços de desenvolvimento profissional docente.
Estes três aspectos são discutidos numa primeira análise em nível mais abrangente, tomando uma perspectiva macro, ao nível da sua conceptualização, organização e gestão, passando depois para uma perspectiva micro, analisando a sua operacionalização, tendo em conta as características contextuais do Ensino do Português no Estrangeiro na Suíça. Neste âmbito, alguns exemplos de práticas pedagógicas potencialmente sustentadoras da construção de uma identidade coesa são apresentados, ajudando os alunos de origem migratória a sentirem-se em casa, tanto no país de acolhimento como no país de origem, o que ajuda a explicar a aparente contradição expressa no título deste capítulo.
Esta primeira seção é encerrada com o Capítulo 4, Promoção do Português como Língua de Herança – Proposta de intervenção a distância. Neste capítulo, Carlota Sacoto, Isabela Gomes-Perrucci e Rita de Albuquerque Dorneles apresentam o resultado de uma pesquisa que objetivou (1) identificar famílias que buscam estimular o POLH em casa sem recursos institucionais, (2) auxiliar esses pais na escolha da política linguística familiar e (3) motivar a busca por recursos e projetos na comunidade que desenvolvam a língua portuguesa e a cultura de herança com o intuito de fornecer fundamentação teórica sobre as vantagens do bilinguismo e/ou plurilinguismo. Este artigo é iniciado com debates gerais sobre a promoção do POLH, seguidos de uma contextualização e descrição do projeto para que o leitor possa ter uma visão ampla da pesquisa realizada. Após a análise dos dados coletados, conclui-se que os pais acreditam saber o que fazer para atingirem o objetivo de transmitir sua língua, mas necessitam de estímulos externos, como dicas concretas e atividades para terem confiança em suas escolhas e atitudes.
A Seção II, Considerações práticas para o ensino de POLH, é iniciada com o Capítulo 5, A Troca de Cartas como estímulo à produção escrita no ensino de POLH. Neste capítulo, Camila de Lira Santos apresenta o projeto “Troca de Cartas entre falantes de herança teuto-brasileiros das cidades de Munique (Alemanha) e de Blumenau (Brasil)” como forma de estimular o desenvolvimento da competência comunicativa escrita em crianças falantes de herança. Este projeto foi realizado entre os anos de 2013 e 2014 e surgiu da curiosidade dos alunos em conhecer os participantes de uma pesquisa científica realizada com eles e com outros falantes de herança no Brasil. São apresentadas as estratégias trabalhadas com os alunos para o desenvolvimento de seus textos, a preparação de material como estímulo para o desenvolvimento da produção escrita dos alunos e os resultados do projeto, destacando os pontos positivos e negativos observados ao final da troca de cartas entre os envolvidos.
O artigo conclui que o trabalho com projetos em turmas de POLH contribui para o desenvolvimento das competências linguísticas, respeitando também o ensino intercultural e interdisciplinar.
Claudina Fialho de Carvalho Isele prossegue com as discussões pedagógicas no sexto capítulo, Português como Língua de Herança: Um fascinante desafio em Zurique. Este capítulo relata a prática pedagógica de uma turma da ABEC (Associação Brasileira de Educação e Cultura) na elaboração de textos escritos advindos da língua oral dos alunos participantes. A primeira parte do artigo traz o embasamento teórico, considerando o conceito de língua oral e de letramento apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998). A segunda parte apresenta uma série de atividades realizadas com a turma, nas quais a oralidade é transformada em escrita. Ao final, conclui-se que privilegiando atividades de natureza variadas, o ensino da Língua de Herança na Suíça alemã proporciona reflexões às crianças para que possam tomar consciência, conheçam e aprendam a praticar as estruturas linguísticas em português.
No capítulo intitulado Português como Língua de Herança em contexto italófono: material didático para jovens aprendizes, o sétimo desta coletânea, Daniela Mascarenhas discorre sobre sua experiência de planejar, elaborar e aplicar uma série de unidades didáticas de Português como Língua de Herança. As unidades didáticas apresentadas foram desenvolvidas durante o período de outubro de 2016 a setembro de 2017, com um pequeno grupo de adolescentes residentes na cidade de Cremona, Itália. Conforme os resultados obtidos em relação ao planejamento, elaboração e aplicação deste protótipo didático de Português como Língua de Herança, destacam-se: a importância do posicionamento reflexivo-crítico do professor para a escolha e a abordagem dos temas, das amostras de linguagem e dos aspectos linguísticos; a importância da seleção de gêneros textuais autênticos e diversificados para compor as amostras de linguagem; o efeito do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação em sala de aula; e a importância do professor articular as concepções teórico-metodológicas do material às apreciações e contribuições dos aprendizes.
No oitavo capítulo, Estratégias didáticas para o fomento da competência comunicativa intercultural em contexto de língua de herança, Juliana Azevedo Gomes busca, em primeiro lugar, identificar as principais dificuldades de aprendizagem dos falantes de português como língua de herança residentes em um contexto espanhol-catalão, a partir da perspectiva da competência comunicativa intercultural (linguístico, estratégico, discursivo e intercultural). Em segundo lugar, apresentam-se algumas estratégias didáticas organizadas em três níveis de complexidade cognitiva, com base na classificação de Díaz Barriga e Hernández (2002) que, se aplicadas de forma sistematizada, são capazes de minimizar as principais dificuldades encontradas pelos falantes de herança, além de promover a competência comunicativa intercultural em português em todos os seus níveis. Apesar das estratégias terem sido elaboradas com base nas necessidades dos falantes de herança em um contexto de línguas irmãs (português, espanhol e catalão), elas podem ser adaptadas a outros contextos de ensino de POLH.
Por sua vez, Juliane Pereira da Costa Wätzold, no Capítulo 9, explora como o ensino de Português como Língua de Herança é percebido e estruturado em um contexto não formal de aprendizagem. O seu artigo, intitulado Os efeitos do ensino não formal de Português Língua de Herança sob a ótica das educadoras: um estudo de caso, é parte de um estudo mais alargado no âmbito de um doutoramento em curso na Faculdade de Educação da Universidade de Hamburgo. O ponto de partida para essa investigação é o perfil do aprendiz de Português como LH no contexto alemão. O principal objetivo do recorte apresentado foi verificar em que medida o ensino não formal é capaz de atender às necessidades linguístico-comunicativas dos falantes de Português como Língua de Herança. Em resumo, busca-se observar se há coerência entre o perfil de aprendiz e as práticas pedagógico-didáticas propostas.
Passamos para o penúltimo capítulo desta coletânea: Gênero de textos orais no ensino de POLH: uma abordagem didática. Neste décimo capítulo, Carla Silva-Hardmeyer discute a presença da oralidade em aulas de POLH e apresenta um exemplo de um conjunto de atividades escolares realizadas sobre o gênero de texto oral filme de ficção. Como resultados das observações de aulas de duas professoras durante um ano letivo, a autora identificou a presença da oralidade nas aulas em e fora das atividades escolares e ao analisar as atividades realizadas, constatou o uso do gênero como instrumento para o desenvolvimento de aptidões requeridas aos aprendizes para a realização de uma produção oral.
Como já mencionado acima, no décimo primeiro capítulo, Fernanda Krüger descreve o projeto Brmais e reflete sobre suas conquistas e desafios.
Enquanto uma forma de desenvolver o POLH, Fernanda busca oferecer em sua plataforma recursos diversos acerca do ensino e manutenção do POLH.
Em suma, este segundo volume da série O POLH na Europa – Português como Língua de Herança traz onze capítulos que ilustram os mais recentes trabalhos teóricos e pedagógicos sendo desenvolvidos nessa área de estudos. As discussões e os exemplos compartilhados nestes capítulos contribuem para reflexões e ações que podem fortalecer os laços identitários e culturais de crianças de famílias imigrantes por meio de socialização em suas línguas de herança em diversos contextos.
Camila Lira & Juliana Azevedo Gomes
O POLH na Europa – Português como Língua de Herança
Volume 2 - Suíça
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€14,80
-
€35,00
detalhes do produto
- Título: O POLH na Europa – Português como Língua de Herança
- Autores: Camila Lira, Juliana Azevedo-Gomes
- Assunto: Idiomas, referência e educação
- Editora: Sagarana
- Ano de lançamento: 2020
- Idioma: Português
- Nº de Páginas: 219
- Formato: A4 (210 x 297 mm)
- ISBN eBook: 978-989-54731-5-1
Sobre o autor
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